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domingo, 7 de outubro de 2012

PSICOLOGIA E POLÍTICA

Excelente texto, vale a pena conferir
 
Por Antonio Carlos de Araujo
 
Talvez não haja nenhum outro assunto que cause mais náuseas nas pessoas do que a discussão política. Porém, nenhuma outra ciência que se encarregue das relações do estado com o cidadão adentra tão profundamente a vida do indivíduo. De uma hora para outra, podemos ser ceifados de nosso trabalho ou moradia seja por um decreto ou ainda algum desastre na conjuntura política e econômica. Embora muito se tenha falado no papel social do psicólogo, o tão famoso “agente de mudança”, a verdade é que a psicologia sempre se omitiu de uma visão crítica da política. Como as relações individuais são um micro desta última, logo concluímos a grande lacuna que a psicologia desenhou em sua história. Os primeiros regimes socialistas após a revolução de 1917 na RÚSSIA, viam com aversão a psicologia, classificando-a de pequeno-burguesa do ponto de vista do materialismo histórico e científico. O fato que jamais foi levantado, é que ambas as instâncias perderam pelo não entrosamento; a psicologia perdeu a oportunidade de uma visão dialética e politizada do ser humano, e a era revolucionária perdeu a oportunidade de tratar o ódio após a conquista do poder, que resultou na transformação do sonho de igualdade em regimes repressores e totalitários.
Até mesmo Sigmund Freud salientou em sua obra que a extinção das classes sociais resultaria na competição sexual pelo parceiro do outro, pois o ser humano nunca abdicaria de sua ambição inata. Embora tal fato seja verdade, a visão de FREUD sobre o marxismo era míope, pois se a propriedade privada era um roubo, e todos a desejam, o correlato de tal fenômeno seria a supremacia do ego. Vemos tal fato em nossa atualidade na vaidade, narcisismo, academias, anabolizantes e toda a indústria da estética. A revolução é o desespero psicológico que arregimenta pessoas para que despertem algum tipo de sensibilidade perante injustiças que já nos acostumamos. É um clamor de união compensatório de diversos processos psicológicos de rejeição e abandono sublimados num ideal maior. Sua eficiência sempre dependerá da crítica e autocrítica constantes, assim como impedir a tentação de exacerbar o poder.
Qualquer movimento não tem sua origem no problema em si, mas a união inconsciente de pessoas assoladas pela raiva, ódio, protesto que serão canalizados futuramente pelo que se convencionou chamar de liderança. É engraçado e estranho como a psicologia ficou apenas no individual, não estudando tais fenômenos, a política apenas vendo a superficialidade do macro, omitindo todas as raízes psíquicas que motivam as pessoas para atuarem em determinadas frentes de luta.
O idealismo revolucionário se parece muito com os relacionamentos, a maioria não perdura e acaba se traindo por todo o tipo de tentação ou escapismo, sendo que alguns poucos conseguem manter a chama do companheirismo ou o ideal como correlato. O líder no estudo político é venerado não apenas por sua coragem e ousadia, mas pela transformação da energia agressiva ou destrutiva em discursos de esperança e triunfo para aqueles que jamais poderiam sonhar com o poder. Não se trata apenas de um processo de projeção propriamente dita, mas da contradição entre a inveja de todos desejarem o poder, mas ao mesmo tempo o entregarem para determinado líder ou ideologia que mitigue o desamparo psicológico vivido diariamente. Fazendo um inventário psicológico, a energia para toda luta vem de uma combinação entre as teses de SIGMUND FREUD e ALFRED ADLER, no primeiro o famoso complexo de Édipo, onde a criança não aceita perder o objeto de seu amor e apego para o genitor adulto, e no segundo, o total complexo de inferioridade pela situação de dependência perante os pais, formalizando uma espécie de luta de classes na dinâmica familiar, tendo como o epicentro chamar à atenção para si o máximo possível, sendo este um dos elementos estruturais da maioria das neuroses. O próprio Marx afirma que foi a análise da filosofia do Estado de Hegel que o levou a tirar a conclusão de que “as relações legais, tais como as formas de Estado, têm de ser estudadas não por si próprias, ou em função de uma suposta evolução geral do espírito humano, mas antes como radicando em determinadas condições materiais da vida (extraído da” sagrada família de Marx e ENGELS “). Porém, estas condições materiais de vida se enlaçam em crenças ou dogmas psicológicos esquecidos ou negligenciados pelos marxistas no decorrer da história. A conquista do poder sempre foi um sonho de todos como preconiza o psicólogo contemporâneo de FREUD, ALFRED ADLER, então a tese revolucionária não pode apenas se encaixar no conceito ingênuo da libertação dos oprimidos, mas, principalmente usufruir os mesmos benefícios da classe dominante, a inveja em sua mais pura excelência, elemento central e único de qualquer movimento contestatório, e fico pasmo com o preconceito secular das esquerdas perante o tema, obviamente pela absoluta falta da autocrítica citada”.
Antes que me julguem de revisionista (traidor do conceito puro da revolução) ou reacionário, novamente faço um paralelo entre elementos do macro e micro nas relações políticas e psicológicas. Se pensarmos novamente no conceito marxista da “Mais valia”, trabalho incorporado em uma mercadoria (o seu custo de produção em termos de salários), era inferior ao “trabalho comandado” (aquilo que a mercadoria podia, uma vez vendida, “comprar” em termos de horas de trabalho, assim nascia o lucro do burguês) “. Tal conceito não é difícil perceber que se aplica quase que totalmente nos relacionamentos, não só na vantagem supostamente de quem é menos dependente, mas poderíamos incluir aqui o ganho ou lucro com as infidelidades ou traições, ou seja obter eterna vantagem perante o outro. Mas todos sabem de tal coisa, (assim como a citada luta de classes adentra o âmbito pessoal)”. O fato esquecido é que a competição ou desejo de transformação não é privilégio de uma classe ou categoria social, sendo que a chamada pureza de um ideal não residiria em sua radicalização,(doença infantil do socialismo), como os marxistas gostavam de citar, mas totalmente na gratuidade da ação, coisa mais do que rara. Quem realmente está disposto a se doar sem um quinhão do poder? Tal fato vale totalmente para a questão amorosa, mas também alguém poderia questionar como fica a questão da troca, pois uma doação unilateral implicaria novamente em subjugar o outro ou determinada classe social. A resposta é o equilíbrio psicológico e material do ser humano, pois alguém faminto, carente, frustrado ou sexualmente debilitado, certamente não conseguirá produzir uma mudança efetiva nas condições econômicas ou sociais. Jamais estou pregando aqui qualquer elitismo, pois até parece que um sujeito abastado reúne as condições citadas, o que estou inferindo é o quanto de saúde psicológica ou solidariedade se contradiz com a revolta ou agonia pessoal de se sentir excluída ou à margem do afeto.
Acho que o grande câncer em qualquer área é a insistência no corporativismo ou em uma única crença ou método para atingirmos determinado objetivo. Tanto nas religiões, quanto nas teses políticas o resultado sempre foi o mesmo, terror, destrutividade, aniquilação e total fracasso da meta prévia. Porém, a tese da anarquia enquanto sistema político é totalmente utópica, pois fazendo novamente um paralelo com a psicologia, só há mudança ou transformação na aceitação de determinado poder, caso contrário os mecanismos de defesa e manutenção das neuroses, solapam por completo a mente e vontade do indivíduo. Isto não significa abnegação do espírito crítico, mas a sabedoria para reconhecer a necessidade de ajuda e se submeter a algo em determinado período da vida. Ajuda seria a definição mais nobre e profícua do poder. A arrogância sempre foi um obstáculo tanto no pólo individual quanto político. Fiz inicialmente um retrospecto de alguns conceitos marxistas e econômicos para tentar explicar a junção do individual e público, mas onde novamente a psicologia se encaixa nisso tudo? Se não consigo visualizar o macro, muito menos terei capacidade de elaborar o micro e vice-versa; a função do psicólogo é exatamente ampliar a leitura do indivíduo acerca de sua problemática e razão existencial, assim sendo, a política se insere fortemente na dinâmica psicológica, pois não basta apenas o acesso à informação tipo: ler jornais, televisão ou revistas, caso contrário, somos papagaios da mídia conservadora e tendenciosa. Assim como psicologicamente não adianta falar em ansiedade ou stress, fenômenos que atacam todos. Temos de elaborar e processar qual ansiedade na essência nos perturba, qual a razão final de nossa insatisfação ou infelicidade, qual o núcleo de nossa neurose atual comparando com nosso passado e experiências frustrantes. Informação é como a interpretação em psicologia, que nunca irá garantir qualquer tipo de mudança real na estrutura psicológica do indivíduo.
Qualquer insight profundo advém da percepção, escuta profunda e estar aberto para o processamento de toda crítica, seja construtiva ou negativa. Infelizmente, tudo o que se faz hoje em dia é fugir de tal fato, se ajustando a todo tipo de valor defendido pela sociedade como um todo. O medo da rejeição sempre foi à fonte mais reacionária contra qualquer mudança individual ou social, e a carência é fonte máxima do anacronismo não apenas de nossa alma, mas da insensibilidade social, produzindo um núcleo do ego totalmente exacerbado e fora de qualquer padrão que faça o indivíduo ser sensível ou solidário perante seu meio. Outro grave problema histórico da política que tem a ver com a psicologia é a questão da idolatria. A mesma tem a característica de uma projeção irracional de vários elementos inconscientes profundamente mal resolvidos e elaborados. Em determinado momento se torna um cheque em branco para um líder ou ideologia. Seu núcleo projetivo não é apenas a carência de uma figura paterna ou de proteção, mas o histórico sentimento de exclusão que a pessoa vivenciou a vida toda, e agora através de dito mecanismo psíquico tem inconscientemente o direito à participação, mesmo que isto lhe cause futuramente estragos inimagináveis. Fato é que todos os políticos e ideologias exploraram tal esfera no transcorrer da história, e continuam o fazendo sem nenhum pudor. A política verdadeira deve estar embasada numa relação profissional e racional, e não ser alvo de maquetes psicológicas criadas apenas para arrastarem multidões para suas mentiras constantes. Se pensarmos nos clássicos conceitos de capitalismo e socialismo, veremos que ambos sempre foram uma espécie de irmãos que nunca se toleraram, sendo que o último metaforicamente nasceu com um grave defeito congênito, ao qual demandou maior atenção e cuidados por um tempo, mas que acabou perecendo, e o capitalismo sentiu o gosto daquele triunfo mórbido, igual aquele sujeito que perdeu um irmão e que agora terá uma parte maior da herança. O elo entre os dois regimes que sempre travou qualquer evolução ou mudança de fato foi a burocracia. O sistema sempre percebeu isso e o usa indiscriminadamente. Se quiser matar qualquer tipo de movimento, é fazer com que o indivíduo não só seja perseguido, mas que tenha tamanho trabalho, chegando às raízes da loucura. Um exemplo disso se deu até com uma figura inclusive de direita, o presidente JUSCELINO KUBISTHEK (apoiador inicialmente do golpe de 64), que após ser cassado pela ditadura, sofria interrogatórios quase que diários, sendo que o mesmo estava ameaçando o suicídio, quando se chegou a um acordo com os militares para seu exílio. Se pensarmos no cidadão comum, é só nos lembrarmos de quantas horas passaremos em uma delegacia para registramos uma determinada queixa. A espera e burocracia quebram por completo qualquer espírito de revolta ou rebeldia, e lamento informar que pouquíssimos estão vacinados contra tal malefício do poder público. Obviamente todos sabem que as palavras estão mais do que desgastadas, qualquer um as usa, seja num comício ou em qualquer site da Internet. Mudança implica em investimento. E de nada adianta os velhos chavões panfletários de se investir na educação ou saúde, pois sabemos que dificilmente isso acontecerá. O investimento político honesto seria na participação efetiva do cidadão, muito mais do que garantir mais recursos, seja para a área que for. Apenas falando de um lado pessoal meu, lembro-me da terrível perseguição que sofri quando ainda era professor por estimular os alunos a formarem um grêmio estudantil. Não podemos pensar na universidade se o indivíduo não acabou o primário, e politicamente a coisa funciona da mesma forma, sem uma alfabetização estruturada na arte da política, qualquer indivíduo só cometerá o erro citado da projeção, pois afora a ganância, uma das coisas que mais seduzem os seres humanos é o autoritarismo. É só aprendermos a observar nosso cotidiano, pensemos nas lamentáveis cenas de brigas nos estádios de futebol. A imprensa ou qualquer um trata o assunto apenas como a ignorância ou barbárie, quando na verdade é uma reprodução exata do lado fascista do estado, que não admite em hipótese alguma a divergência ou outra ideologia. Pensemos na verdadeira guerra religiosa em que vivemos, a constituição diz da liberdade da mesma, mas todo dia vemos quase todas as seitas em luta e desrespeito, evocando que seu caminho é o único. Aliás, algumas não admitem que seus membros se casem com pessoas de outras religiões, isto é liberdade? E a tolerância tão apregoada? Faço esses comentários apenas para ajudar a alguns a refletirem profundamente, coisa que nos falta hoje em dia, pois as pessoas apenas se atolam no recebimento da informação.
O espírito crítico anda em baixa há muito tempo em nossa sociedade, sendo que as pessoas o confundem com a queixa. Esta última é composta apenas pelas lamúrias de alguém desprovido de uma meta de mudança, e que deseja chamar a atenção o tempo todo sobre sua pessoa. O espírito crítico pelo contrário, não fica atolado na queixa, mas na percepção radical de quais atitudes verdadeiras iriam mudar o curso dos acontecimentos. Crítica é a ousadia da ação, juntamente com o espírito dialético da reflexão que leva necessariamente a prática. O discurso deveria servir como etapa prévia de elaboração, e não a sua própria divinização. Pensemos nisso do ponto de vista científico, retomando alguns conceitos políticos. O socialismo tem como meta central o afrouxamento da distância entre as classes sociais, já o comunismo tinha a missão de abolir completamente à distância entre as mesmas, esta é a diferença entre ambos os sistemas que se basearam numa reforma da sociedade. Já o capitalismo como é sabido, tem sua gênese nas leis do mercado, oferta e procura passam a ser a divindade que comanda o destino de todos, sendo que invoca um misticismo individual ao apelar para a força de vontade e capacidade de cada um em adquirir mais capital. A verdade é que o capitalismo é como uma corrida onde alguns privilegiados saíram uns 10 km na frente, e com todo o preparo físico, e depois insiste em uma propaganda enganosa de que todos poderiam participar da competição e ganhá-la caso estivessem aptos. Seria ridículo alguém não enxergar a profunda desigualdade social e econômica, e achar que tal sistema realmente se interessa em resolver tal catástrofe. O incrível é que o mesmo consegue prosperar e sobreviver a uma verdadeira guerra civil de exclusão social. Obviamente os fatores psicológicos mantenedores de tal fenômeno são a exploração de elementos inconscientes dos seres humanos, tipo: narcisismo, vaidade, competição, agressividade e ódio, complexo ou desejo de superioridade. O capitalismo sobrevive não por seu conjunto anacrônico de idéias no plano econômico, mas por ser uma espécie de camaleão que se adapta facilmente aos instintos ou anseios psicológicos da sociedade em qualquer época.
Outro fenômeno marcante de nossa atualidade é a absoluta falta de líderes genuínos, que representam a insatisfação, angústia e esperança de canalizar a insatisfação popular num projeto de desenvolvimento social. O que temos é uma plasticidade forçada pela mídia de elementos que estão totalmente aquém dessa função. Aliás, o líder é o inimigo máximo do projeto neoliberal, que apregoa o conformismo e respeito às leis do mercado. Novamente fazendo um paralelo com a saúde mental, tal fato se parece com o uso excessivo de medicação psiquiátrica para abafar todo tipo de conflito, o importante é sedar, e o pânico é encarar o conflito em sua mais pura realidade de desespero. Se não conseguimos a meta do prazer ou utopia, o importante é afastar qualquer tipo de perturbação, e o sistema atual captou muito bem tal anseio dos indivíduos. O líder significa como exposto, conflito, dor, martírio, oposição, luta, dispêndio de tempo, tudo que não conseguimos efetivar em nossa tresloucada jornada diária.
Há uma contradição exorbitante se pensarmos novamente entre psicologia e política. As pessoas acabam na maioria das vezes “socializando” seus problemas indiscriminadamente, não se dando a menor conta do despreparo de quem está ouvindo, e privatizam o que seria coletivo, tipo: solidariedade, companheirismo, vontade de mudar, não oferecendo tais qualidades para o próximo. Voltando ao ponto político, uma votação só seria eficiente se fosse acompanhada constantemente de referendos populares sobre os reais temas de interesse social, e não referendos onde apenas se discutem costumes. O ato de votar em algum candidato de preferência político-partidário poderia ser interpretado como uma forma de participação política. No entanto, o eleitor brasileiro realiza esse ato pela obrigatoriedade legal e não como a possibilidade de interferir na conjuntura política, social e econômica do país.
No período da ditadura militar em que os brasileiros foram impedidos de votar nas eleições para os cargos executivos, o voto representava, especialmente para aqueles que se preocupavam com as questões sociais e políticas, uma real possibilidade de mudança.
Atualmente, a participação política do brasileiro se resume ao momento de eleição e os candidatos são apresentados como se fossem produtos semelhantes de empresas concorrentes. Os vencedores são aqueles que venderem melhor as suas imagens, aqueles que conseguem atingir o desejo de consumo do eleitor. Alguém acha mesmo que em um minuto na cabine de votação poderia mudar algo? Não que seja contra o voto, mas o mesmo deveria ser um apêndice como expliquei acima. Se o cidadão comum recebesse algum benefício econômico pela não participação no voto, alguém acha que o mesmo lutaria por tal direito cívico? O que estou querendo dizer é que nossa sociedade prega o conceito de liberdade apenas no âmbito privado, assim sendo, as pessoas adotam paulatinamente um desejo de se afastarem o máximo possível de questões de ordem social ou pública, e tal fato a política nunca desejou reparar.
A psicologia deveria ser uma grande aliada da política no tocante a impedir o constante desvio do foco do problema. Lembro-me dos tempos do movimento estudantil onde a luta por um melhor ensino era substituída nas assembléias pelo apoio à revolução da NICARÁGUA, não que tal fato fosse irrelevante, mas a esquerda nunca aprendeu que a mobilização se dá pela insatisfação e até interesse do ego do sujeito para uma finalidade, a partir do momento em que se exige mais trajetórias ou rumos diversos, a tendência é o desânimo e dispersão. Na área institucional da psicologia vemos o mesmo dilema, a discussão politizada sobre a luta anti-manicomial como exemplo, ao invés dos milhares que sofrem com os casamentos falidos. Novamente serei taxado de reacionário pela esquerda infantilizada, mas reitero que o maior crime tanto na política quanto na psicologia é o desvio de questões centrais para periféricas. Outro fator que deve ser estudado sem pudor, é a relação do dinheiro em nossa sociedade. O mesmo serve de aferição para a maioria dos fenômenos comportamentais e psicológicos: ambição, poder, exclusão e privação, competição, fuga da realidade, machismo, compensação do complexo de inferioridade ou desejo de superioridade, desespero por um hiato histórico no lado emocional.
O fato é que a política se reflete totalmente na esfera psicológica, tanto a normalidade como a neurose não deixa de ser uma tomada de posição perante determinados desafios. A neurose se parece muito com a grilagem, se apoderando de um espaço alheio mediante corrupção de documentos, ou estelionato do prazer do indivíduo. A neurose ocupa e invade todos os espaços que serviriam para um projeto eficiente de saúde mental. Temos de pensar em uma visão ampla e não reducionista, vendo o sentido da política e psicologia. Quando pensarmos na longevidade de um FIDEL CASTRO, temos de encarar que determinado ideal de mudança não deve perecer, mesmo que tenha sido pervertido pelo personagem, quando nos lembramos de ERNESTO CHE GUEVARA, certamente nos virá à nostalgia e até ingenuidade de nosso desejo de mudança na adolescência, ou a própria contra cultura hippie. Quando pensarmos num STÁLIN ou no massacre da praça celestial, faremos associação com aquele pai que espancou seu filho até a morte, sem nenhuma piedade, apenas por não ter obedecido. Se pensarmos nos políticos brasileiros, teremos de ser justos encarando o fato de que alguns realmente levantaram e levantam uma bandeira honesta de mudança, mas que certamente muitos representam nossos momentos mais sádicos, insensíveis, perdulários, clientelistas e sedutores, com finalidade apenas de ganho próprio. Obviamente o que está aí é um reflexo de nosso íntimo, e não podemos nos furtar de tal compreensão, porém, a pergunta primária é se estamos ou não satisfeitos não com a política em si, mas com nossa extrema dificuldade de mudarmos algo internamente. Nosso problema cultural sem dúvida alguma é o complexo de inferioridade, haja vista o trânsito, onde todos se acham mentores, como formação reativa, o fato é que nossa compaixão só aparece mediante os mais fracos ou nas catástrofes. Todos sabemos dos terríveis problemas sociais e como nossa qualidade de vida vem caindo em níveis desesperadores. No passado e hoje em dia florescem todo tipo de ideologia fascista que apregoa que determinada raça ou grupo étnico contaminou a sociedade, ou ainda acreditar que a pena de morte ou outra idéia estúpida baseada no ódio resolveria o problema, tipo da violência. A psicologia e nenhuma outra ciência podem dar a resposta, mas seria interessante que todas, assim como todos pensassem profundamente, pois a arte da reflexão é estar o mais próximo possível do abismo da ação, e isso certamente gera um terrível medo. Iremos superar tal dificuldade, ou continuaremos a mascará-lo com o consumismo? Aliás, revolução por enquanto, só para aqueles que advogam o contrário, o anticonsumo, sendo que a ideologia está totalmente congelada por tais fenômenos citados no transcorrer deste estudo, embora a tese da mudança, igualdade e principalmente justiça em todos os âmbitos jamais cessará.
 
PSICÓLOGO ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO- C.R.P. 31341/5- TERAPIA DE CASAL E INDIVIDUAL- RUA ENGENHEIRO ANDRADE JÚNIOR 154- TATUAPÉ SÃO PAULO -SÃO PAULO TELS: 26921958 /93883296

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