Talvez não
haja nenhum outro assunto que cause mais náuseas nas pessoas do que a discussão
política. Porém, nenhuma outra ciência que se encarregue das relações do estado
com o cidadão adentra tão profundamente a vida do indivíduo. De uma hora para
outra, podemos ser ceifados de nosso trabalho ou moradia seja por um decreto ou
ainda algum desastre na conjuntura política e econômica. Embora muito se tenha
falado no papel social do psicólogo, o tão famoso “agente de mudança”, a verdade
é que a psicologia sempre se omitiu de uma visão crítica da política. Como as
relações individuais são um micro desta última, logo concluímos a grande lacuna
que a psicologia desenhou em sua história. Os primeiros regimes socialistas após
a revolução de 1917 na RÚSSIA, viam com
aversão a psicologia, classificando-a de pequeno-burguesa do ponto de vista do
materialismo histórico e científico. O
fato que jamais foi levantado, é que ambas as instâncias perderam pelo não
entrosamento; a psicologia perdeu a oportunidade de uma visão dialética e
politizada do ser humano, e a era revolucionária perdeu a oportunidade de tratar
o ódio após a conquista do poder, que resultou na transformação do sonho de
igualdade em regimes repressores e totalitários.
Até mesmo
Sigmund Freud salientou em sua obra que a extinção das classes sociais
resultaria na competição sexual pelo parceiro do outro, pois o ser humano nunca
abdicaria de sua ambição inata. Embora tal fato seja verdade, a visão de FREUD
sobre o marxismo era míope, pois se a propriedade privada era um roubo, e todos
a desejam, o correlato de tal fenômeno seria a supremacia do ego. Vemos tal fato
em nossa atualidade na vaidade, narcisismo, academias, anabolizantes e toda a
indústria da estética. A revolução é o
desespero psicológico que arregimenta pessoas para que despertem algum tipo de
sensibilidade perante injustiças que já nos acostumamos. É um clamor de união
compensatório de diversos processos psicológicos de rejeição e abandono
sublimados num ideal maior. Sua eficiência sempre dependerá da crítica e
autocrítica constantes, assim como impedir a tentação de exacerbar o poder.
Qualquer movimento não tem sua origem no problema em si, mas a união
inconsciente de pessoas assoladas pela raiva, ódio, protesto que serão
canalizados futuramente pelo que se convencionou chamar de liderança. É
engraçado e estranho como a psicologia ficou apenas no individual, não estudando
tais fenômenos, a política apenas vendo a superficialidade do macro, omitindo
todas as raízes psíquicas que motivam as pessoas para atuarem em determinadas
frentes de luta.
O idealismo
revolucionário se parece muito com os relacionamentos, a maioria não perdura e
acaba se traindo por todo o tipo de tentação ou escapismo, sendo que alguns
poucos conseguem manter a chama do companheirismo ou o ideal como correlato. O
líder no estudo político é venerado não apenas por sua coragem e ousadia, mas
pela transformação da energia agressiva ou destrutiva em discursos de esperança
e triunfo para aqueles que jamais poderiam sonhar com o poder. Não se trata
apenas de um processo de projeção propriamente dita, mas da contradição entre a
inveja de todos desejarem o poder, mas ao mesmo tempo o entregarem para
determinado líder ou ideologia que mitigue o desamparo psicológico vivido
diariamente. Fazendo um inventário psicológico, a energia para toda luta vem de
uma combinação entre as teses de SIGMUND FREUD e ALFRED ADLER, no primeiro o
famoso complexo de Édipo, onde a criança não aceita perder o objeto de seu amor
e apego para o genitor adulto, e no segundo, o total complexo de inferioridade
pela situação de dependência perante os pais, formalizando uma espécie de luta
de classes na dinâmica familiar, tendo como o epicentro chamar à atenção para si
o máximo possível, sendo este um dos elementos estruturais da maioria das
neuroses. O próprio Marx afirma que
foi a análise da filosofia do Estado de Hegel que o levou a tirar a conclusão de
que “as relações legais, tais como as formas de Estado, têm de ser estudadas não
por si próprias, ou em função de uma suposta evolução geral do espírito humano,
mas antes como radicando em determinadas condições materiais da vida (extraído
da” sagrada família de Marx e ENGELS “). Porém, estas condições materiais de
vida se enlaçam em crenças ou dogmas psicológicos esquecidos ou negligenciados
pelos marxistas no decorrer da história. A conquista do poder sempre foi um
sonho de todos como preconiza o psicólogo contemporâneo de FREUD, ALFRED ADLER,
então a tese revolucionária não pode apenas se encaixar no conceito ingênuo da
libertação dos oprimidos, mas, principalmente usufruir os mesmos benefícios da
classe dominante, a inveja em sua mais pura excelência, elemento central e único
de qualquer movimento contestatório, e fico pasmo com o preconceito secular das
esquerdas perante o tema, obviamente pela absoluta falta da autocrítica citada”.
Antes que me julguem de
revisionista (traidor do conceito puro da revolução) ou reacionário, novamente
faço um paralelo entre elementos do macro e micro nas relações políticas e
psicológicas. Se pensarmos novamente no conceito marxista da “Mais valia”,
trabalho incorporado em uma mercadoria (o seu custo de produção em termos de
salários), era inferior ao “trabalho comandado” (aquilo que a mercadoria podia,
uma vez vendida, “comprar” em termos de horas de trabalho, assim nascia o lucro
do burguês) “. Tal conceito não é difícil perceber que se aplica quase que
totalmente nos relacionamentos, não só na vantagem supostamente de quem é menos
dependente, mas poderíamos incluir aqui o ganho ou lucro com as infidelidades ou
traições, ou seja obter eterna vantagem perante o outro. Mas todos sabem de tal
coisa, (assim como a citada luta de classes adentra o âmbito pessoal)”. O fato
esquecido é que a competição ou desejo de transformação não é privilégio de uma
classe ou categoria social, sendo que a chamada pureza de um ideal não residiria
em sua radicalização,(doença infantil do socialismo), como os marxistas gostavam
de citar, mas totalmente na gratuidade da ação, coisa mais do que rara. Quem
realmente está disposto a se doar sem um quinhão do poder? Tal fato vale
totalmente para a questão amorosa, mas também alguém poderia questionar como
fica a questão da troca, pois uma doação unilateral implicaria novamente em
subjugar o outro ou determinada classe social. A resposta é o equilíbrio
psicológico e material do ser humano, pois alguém faminto, carente, frustrado ou
sexualmente debilitado, certamente não conseguirá produzir uma mudança efetiva
nas condições econômicas ou sociais. Jamais estou pregando aqui qualquer
elitismo, pois até parece que um sujeito abastado reúne as condições citadas, o
que estou inferindo é o quanto de saúde psicológica ou solidariedade se
contradiz com a revolta ou agonia pessoal de se sentir excluída ou à margem do
afeto.
Acho que o grande câncer
em qualquer área é a insistência no corporativismo ou em uma única crença ou
método para atingirmos determinado objetivo. Tanto nas religiões, quanto nas
teses políticas o resultado sempre foi o mesmo, terror, destrutividade,
aniquilação e total fracasso da meta prévia. Porém, a tese da anarquia enquanto
sistema político é totalmente utópica, pois fazendo novamente um paralelo com a
psicologia, só há mudança ou
transformação na aceitação de determinado poder, caso contrário os mecanismos de
defesa e manutenção das neuroses, solapam por completo a mente e vontade do
indivíduo. Isto não significa abnegação do espírito crítico, mas a sabedoria
para reconhecer a necessidade de ajuda e se submeter a algo em determinado
período da vida. Ajuda seria a definição mais nobre e profícua do poder. A
arrogância sempre foi um obstáculo tanto no pólo individual quanto político. Fiz
inicialmente um retrospecto de alguns conceitos marxistas e econômicos para
tentar explicar a junção do individual e público, mas onde novamente a
psicologia se encaixa nisso tudo? Se não consigo visualizar o macro, muito menos
terei capacidade de elaborar o micro e vice-versa; a função do psicólogo é
exatamente ampliar a leitura do indivíduo acerca de sua problemática e razão
existencial, assim sendo, a política se insere fortemente na dinâmica
psicológica, pois não basta apenas o acesso à informação tipo: ler jornais,
televisão ou revistas, caso contrário, somos papagaios da mídia conservadora e
tendenciosa. Assim como psicologicamente não adianta falar em ansiedade ou
stress, fenômenos que atacam todos. Temos de elaborar e processar qual ansiedade
na essência nos perturba, qual a razão final de nossa insatisfação ou
infelicidade, qual o núcleo de nossa neurose atual comparando com nosso passado
e experiências frustrantes. Informação é como a interpretação em psicologia, que
nunca irá garantir qualquer tipo de mudança real na estrutura psicológica do
indivíduo.
Qualquer insight profundo
advém da percepção, escuta profunda e estar aberto para o processamento de toda
crítica, seja construtiva ou negativa. Infelizmente, tudo o que se faz hoje em
dia é fugir de tal fato, se ajustando a todo tipo de valor defendido pela
sociedade como um todo. O medo da rejeição sempre foi à fonte mais reacionária
contra qualquer mudança individual ou social, e a carência é fonte máxima do
anacronismo não apenas de nossa alma, mas da insensibilidade social, produzindo
um núcleo do ego totalmente exacerbado e fora de qualquer padrão que faça o
indivíduo ser sensível ou solidário perante seu meio. Outro grave problema
histórico da política que tem a ver com a psicologia é a questão da idolatria. A
mesma tem a característica de uma projeção irracional de vários elementos
inconscientes profundamente mal resolvidos e elaborados. Em determinado momento
se torna um cheque em branco para um líder ou ideologia. Seu núcleo projetivo
não é apenas a carência de uma figura paterna ou de proteção, mas o histórico
sentimento de exclusão que a pessoa vivenciou a vida toda, e agora através de
dito mecanismo psíquico tem inconscientemente o direito à participação, mesmo
que isto lhe cause futuramente estragos inimagináveis. Fato é que todos os
políticos e ideologias exploraram tal esfera no transcorrer da história, e
continuam o fazendo sem nenhum pudor. A
política verdadeira deve estar embasada numa relação profissional e racional, e
não ser alvo de maquetes psicológicas criadas apenas para arrastarem multidões
para suas mentiras constantes. Se pensarmos nos clássicos conceitos de
capitalismo e socialismo, veremos que ambos sempre foram uma espécie de irmãos
que nunca se toleraram, sendo que o último metaforicamente nasceu com um grave
defeito congênito, ao qual demandou maior atenção e cuidados por um tempo, mas
que acabou perecendo, e o capitalismo sentiu o gosto daquele triunfo mórbido,
igual aquele sujeito que perdeu um irmão e que agora terá uma parte maior da
herança. O elo entre os dois regimes que sempre travou qualquer evolução ou
mudança de fato foi a burocracia. O sistema sempre percebeu isso e o usa
indiscriminadamente. Se quiser matar qualquer tipo de movimento, é fazer com que
o indivíduo não só seja perseguido, mas que tenha tamanho trabalho, chegando às
raízes da loucura. Um exemplo disso se deu até com uma figura inclusive de
direita, o presidente JUSCELINO KUBISTHEK (apoiador inicialmente do golpe de
64), que após ser cassado pela ditadura, sofria interrogatórios quase que
diários, sendo que o mesmo estava ameaçando o suicídio, quando se chegou a um
acordo com os militares para seu exílio. Se pensarmos no cidadão comum, é só nos
lembrarmos de quantas horas passaremos em uma delegacia para registramos uma
determinada queixa. A espera e burocracia quebram por completo qualquer espírito
de revolta ou rebeldia, e lamento informar que pouquíssimos estão vacinados
contra tal malefício do poder público. Obviamente todos sabem que as palavras
estão mais do que desgastadas, qualquer um as usa, seja num comício ou em
qualquer site da Internet. Mudança implica em investimento. E de nada adianta os
velhos chavões panfletários de se investir na educação ou saúde, pois sabemos
que dificilmente isso acontecerá. O investimento político honesto seria na
participação efetiva do cidadão, muito mais do que garantir mais recursos, seja
para a área que for. Apenas falando de um lado pessoal meu, lembro-me da
terrível perseguição que sofri quando ainda era professor por estimular os
alunos a formarem um grêmio estudantil. Não podemos pensar na universidade se o
indivíduo não acabou o primário, e politicamente a coisa funciona da mesma
forma, sem uma alfabetização estruturada na arte da política, qualquer indivíduo
só cometerá o erro citado da projeção, pois afora a ganância, uma das coisas que
mais seduzem os seres humanos é o autoritarismo. É só aprendermos a observar
nosso cotidiano, pensemos nas lamentáveis cenas de brigas nos estádios de
futebol. A imprensa ou qualquer um trata o assunto apenas como a ignorância ou
barbárie, quando na verdade é uma reprodução exata do lado fascista do estado, que não admite em
hipótese alguma a divergência ou outra ideologia. Pensemos na verdadeira guerra
religiosa em que vivemos, a constituição diz da liberdade da mesma, mas todo dia
vemos quase todas as seitas em luta e desrespeito, evocando que seu caminho é o
único. Aliás, algumas não admitem que seus membros se casem com pessoas de
outras religiões, isto é liberdade? E a tolerância tão apregoada? Faço esses
comentários apenas para ajudar a alguns a refletirem profundamente, coisa que
nos falta hoje em dia, pois as pessoas apenas se atolam no recebimento da
informação.
O espírito crítico anda
em baixa há muito tempo em nossa sociedade, sendo que as pessoas o confundem com
a queixa. Esta última é composta apenas pelas lamúrias de alguém desprovido de
uma meta de mudança, e que deseja chamar a atenção o tempo todo sobre sua
pessoa. O espírito crítico pelo contrário, não fica atolado na queixa, mas na
percepção radical de quais atitudes verdadeiras iriam mudar o curso dos
acontecimentos. Crítica é a ousadia da ação, juntamente com o espírito dialético
da reflexão que leva necessariamente a prática. O discurso deveria servir como
etapa prévia de elaboração, e não a sua própria divinização. Pensemos nisso do
ponto de vista científico, retomando alguns conceitos políticos. O socialismo
tem como meta central o afrouxamento da distância entre as classes sociais, já o
comunismo tinha a missão de abolir completamente à distância entre as mesmas,
esta é a diferença entre ambos os sistemas que se basearam numa reforma da
sociedade. Já o capitalismo como é sabido, tem sua gênese nas leis do mercado,
oferta e procura passam a ser a divindade que comanda o destino de todos, sendo
que invoca um misticismo individual ao apelar para a força de vontade e
capacidade de cada um em adquirir mais capital. A verdade é que o capitalismo é
como uma corrida onde alguns privilegiados saíram uns 10 km na frente, e com
todo o preparo físico, e depois insiste em uma propaganda enganosa de que todos
poderiam participar da competição e ganhá-la caso estivessem aptos. Seria
ridículo alguém não enxergar a profunda desigualdade social e econômica, e achar
que tal sistema realmente se interessa em resolver tal catástrofe. O
incrível é que o mesmo consegue
prosperar e sobreviver a uma
verdadeira guerra civil de exclusão social. Obviamente os fatores
psicológicos mantenedores de tal fenômeno são a exploração de elementos
inconscientes dos seres humanos, tipo: narcisismo, vaidade, competição,
agressividade e ódio, complexo ou desejo de superioridade. O capitalismo sobrevive não por seu conjunto
anacrônico de idéias no plano econômico, mas por ser uma espécie de camaleão que
se adapta facilmente aos instintos ou anseios psicológicos da sociedade em
qualquer época.
Outro fenômeno marcante
de nossa atualidade é a absoluta falta de líderes genuínos, que representam a
insatisfação, angústia e esperança de canalizar a insatisfação popular num
projeto de desenvolvimento social. O que temos é uma plasticidade forçada pela
mídia de elementos que estão totalmente aquém dessa função. Aliás, o líder é o inimigo máximo do projeto
neoliberal, que apregoa o conformismo e respeito às leis do mercado. Novamente
fazendo um paralelo com a saúde mental, tal fato se parece com o uso excessivo
de medicação psiquiátrica para abafar todo tipo de conflito, o importante é
sedar, e o pânico é encarar o conflito em sua mais pura realidade de desespero.
Se não conseguimos a meta do prazer ou utopia, o importante é afastar qualquer
tipo de perturbação, e o sistema atual captou muito bem tal anseio dos
indivíduos. O líder significa como exposto, conflito, dor, martírio, oposição,
luta, dispêndio de tempo, tudo que não conseguimos efetivar em nossa tresloucada
jornada diária.
Há uma
contradição exorbitante se pensarmos novamente entre psicologia e política. As
pessoas acabam na maioria das vezes “socializando” seus problemas
indiscriminadamente, não se dando a menor conta do despreparo de quem está
ouvindo, e privatizam o que seria coletivo, tipo: solidariedade, companheirismo,
vontade de mudar, não oferecendo tais qualidades para o próximo. Voltando ao
ponto político, uma votação só seria eficiente se fosse acompanhada
constantemente de referendos populares sobre os reais temas de interesse social,
e não referendos onde apenas se discutem costumes. O ato de votar em algum candidato de
preferência político-partidário poderia ser interpretado como uma forma de
participação política. No entanto, o
eleitor brasileiro realiza esse ato pela obrigatoriedade legal e não como a
possibilidade de interferir na conjuntura política, social e econômica do
país.
No período da ditadura militar em que
os brasileiros foram impedidos de votar nas eleições para os cargos executivos,
o voto representava, especialmente para aqueles que se preocupavam com as
questões sociais e políticas, uma real possibilidade de mudança.
Atualmente, a participação política
do brasileiro se resume ao momento de eleição e os candidatos são apresentados
como se fossem produtos semelhantes de empresas concorrentes. Os vencedores são
aqueles que venderem melhor as suas imagens, aqueles que conseguem atingir o
desejo de consumo do eleitor. Alguém acha mesmo que em um minuto na cabine de
votação poderia mudar algo? Não que seja contra o voto, mas o mesmo deveria ser
um apêndice como expliquei acima. Se o cidadão comum recebesse algum benefício
econômico pela não participação no voto, alguém acha que o mesmo lutaria por tal
direito cívico? O que estou querendo dizer é que nossa sociedade prega o
conceito de liberdade apenas no âmbito privado, assim sendo, as pessoas adotam
paulatinamente um desejo de se afastarem o máximo possível de questões de ordem
social ou pública, e tal fato a política nunca desejou reparar.
A psicologia deveria ser
uma grande aliada da política no tocante a impedir o constante desvio do foco do
problema. Lembro-me dos tempos do movimento estudantil onde a luta por um melhor
ensino era substituída nas assembléias pelo apoio à revolução da NICARÁGUA, não
que tal fato fosse irrelevante, mas a esquerda nunca aprendeu que a mobilização
se dá pela insatisfação e até interesse do ego do sujeito para uma finalidade, a
partir do momento em que se exige mais trajetórias ou rumos diversos, a
tendência é o desânimo e dispersão. Na área institucional da psicologia vemos o
mesmo dilema, a discussão politizada sobre a luta anti-manicomial como exemplo,
ao invés dos milhares que sofrem com os casamentos falidos. Novamente serei
taxado de reacionário pela esquerda infantilizada, mas reitero que o maior crime
tanto na política quanto na psicologia é o desvio de questões centrais para
periféricas. Outro fator que deve ser estudado sem pudor, é a relação do
dinheiro em nossa sociedade. O mesmo serve de aferição para a maioria dos
fenômenos comportamentais e psicológicos: ambição, poder, exclusão e privação,
competição, fuga da realidade, machismo, compensação do complexo de
inferioridade ou desejo de superioridade, desespero por um hiato histórico no
lado emocional.
O fato
é que a política se reflete totalmente na esfera psicológica, tanto a
normalidade como a neurose não deixa de ser uma tomada de posição perante
determinados desafios. A neurose se parece muito com a grilagem, se apoderando
de um espaço alheio mediante corrupção de documentos, ou estelionato do prazer
do indivíduo. A neurose ocupa e invade todos os espaços que serviriam para um
projeto eficiente de saúde mental. Temos de pensar em uma visão ampla e não
reducionista, vendo o sentido da política e psicologia. Quando pensarmos na
longevidade de um FIDEL CASTRO, temos de encarar que determinado ideal de
mudança não deve perecer, mesmo que tenha sido pervertido pelo personagem,
quando nos lembramos de ERNESTO CHE GUEVARA, certamente nos virá à nostalgia e
até ingenuidade de nosso desejo de mudança na adolescência, ou a própria contra
cultura hippie. Quando pensarmos num STÁLIN ou no massacre da praça celestial,
faremos associação com aquele pai que espancou seu filho até a morte, sem
nenhuma piedade, apenas por não ter obedecido. Se pensarmos nos políticos
brasileiros, teremos de ser justos encarando o fato de que alguns realmente
levantaram e levantam uma bandeira honesta de mudança, mas que certamente muitos
representam nossos momentos mais sádicos, insensíveis, perdulários,
clientelistas e sedutores, com finalidade apenas de ganho próprio. Obviamente o
que está aí é um reflexo de nosso íntimo, e não podemos nos furtar de tal
compreensão, porém, a pergunta primária é se estamos ou não satisfeitos não com
a política em si, mas com nossa extrema dificuldade de mudarmos algo
internamente. Nosso problema cultural sem dúvida alguma é o complexo de
inferioridade, haja vista o trânsito, onde todos se acham mentores, como
formação reativa, o fato é que nossa compaixão só aparece mediante os mais
fracos ou nas catástrofes. Todos sabemos dos terríveis problemas sociais e como
nossa qualidade de vida vem caindo em níveis desesperadores. No passado e hoje
em dia florescem todo tipo de ideologia fascista que apregoa que determinada
raça ou grupo étnico contaminou a sociedade, ou ainda acreditar que a pena de
morte ou outra idéia estúpida baseada no ódio resolveria o problema, tipo da
violência. A psicologia e nenhuma outra ciência podem dar a resposta, mas seria
interessante que todas, assim como todos pensassem profundamente, pois a arte da reflexão é estar
o mais próximo possível do abismo da
ação, e isso certamente gera um terrível medo. Iremos superar tal dificuldade,
ou continuaremos a mascará-lo com o consumismo? Aliás, revolução por enquanto,
só para aqueles que advogam o contrário, o anticonsumo, sendo que a ideologia
está totalmente congelada por tais fenômenos citados no transcorrer deste
estudo, embora a tese da mudança, igualdade e principalmente justiça em todos os
âmbitos jamais cessará.
PSICÓLOGO ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO-
C.R.P. 31341/5- TERAPIA DE CASAL E INDIVIDUAL- RUA ENGENHEIRO ANDRADE JÚNIOR
154- TATUAPÉ SÃO PAULO -SÃO PAULO TELS: 26921958 /93883296
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