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domingo, 25 de agosto de 2013

A influência da música na saúde mental


por: Ivone Boechat
A música se destaca dentre as expressões artísticas desde os primórdios da narrativa bíblica. No século VI a.C., Pitágoras afirmava: "a música e a dieta são os dois principais meios de limpar a alma e o corpo e manter a harmonia e a saúde de todo organismo". Nada no planeta "escapa" aos efeitos da música. Ela interfere em tudo que se refere aos seres vivos: na digestão, na produção de secreções, na circulação sanguínea, nas batidas cardíacas, na respiração, nutrição, etc... nas inteligências. O alemão Tartchanoff, especialista nos fenômenos cerebrais, provou que "a música exerce poderosa influência sobre a atividade muscular, que aumenta ou diminui, de acordo com o ritmo, o volume, o estilo, em qualquer atividade". Os sons são dinamogênicos, isto é, aumentam a energia muscular em função de sua intensidade e ritmo. Ou o inverso: a música pode paralisar. O uso errado da música encurta a vida e, corretamente usada, ajuda a preservá-la. As batidas cardíacas podem ser reguladas ou transtornadas pelos sons musicais. O rock, por exemplo, faz mal à saúde física e mental e vicia, tanto quanto qualquer droga química. Um rock-dependente submetido a um tratamento de desintoxicação mental demora a curar a desarmonia no seu metabolismo. Já os ritmos harmoniosos são estimulantes, sedativos, ajudam a recuperar o sono e fixam a memória. A medicina usa a música na terapia de: partos, cirurgias, tratamentos dentários etc. Empresas entretêm pacientes em sala de espera com música suave, neutralizando a ansiedade. Médicos de Los Angeles, EUA, selecionam músicas para relaxar no tratamento de pacientes com dores. No Brasil, a música já é usada na recuperação de doentes terminais. Há muito, sabe-se que a música estimula a produção no trabalho. Em restaurantes, ela estimula o apetite, o romantismo, a confraternização, as comemorações. Nos quartéis, desperta o espírito cívico. A Bíblia conta, por exemplo, que o rei Jeosafá usou um grandioso coral e uma banda de música para intimidar o inimigo (2 Cr 20). Ganhou a batalha! Shakespeare dizia que a música: "presta auxílio a mentes enfermas, arranca da memória uma tristeza arraigada, arrasa as ansiedades escritas no cérebro e, com seu doce e esquecedor antídoto, limpa o seio de todas as matérias perigosas que pesam sobre o coração". Para cada ambiente, há ritmos, sons e volumes apropriados. Porém, o volume acima de 70 decibéis, segundo órgãos internacionais de saúde, pode causar espasmos e lesões cerebrais irreversíveis. Mais de 90 decibéis, e o excesso sonoro e rítmico calcificam parcialmente o cérebro, bloqueando a memória. A epilepsia musicogênica resulta do excesso de ruídos musicais, incluindo convulsões. A lesão produzida pelo mau uso do som pode até matar, se a vítima não for adequadamente tratada. Desde o quarto mês de gestação, os bebês já podem ouvir. A ansiedade de uma grávida onde o som ultrapassa limites seguros é percebida e registrada pelo feto. Hoje, muitos jovens têm problemas de audição comuns em idosos, o que explica o volume exagerado de músicas em festas e cultos. Isso leva a sons cada vez mais altos. Outros efeitos negativos são irritabilidade, memória confusa, baixa aprendizagem, baixa autoestima, insônia, cefaleia, vômitos, impotência, morte etc. Na Alemanha, um estudo revelou que 70 decibéis sistemáticos de música causam constrição vascular - mortal, se as artérias coronárias já estiverem estreitadas pela arteriosclerose. É comum o mal-estar súbito em pessoas durante festas em que a música é uma arma. Por outro lado, a música sensibiliza, entusiasma, fortalece a memória, consola; tranquiliza, desperta a atenção, estimula a inteligência.







sábado, 17 de agosto de 2013

Os "10 pecados" de psicólogos e analistas


 

Lista enumera "10 pecados" de psicólogos e analistas
Por: FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo

A dona de casa Elisandra Bonfim, 28, fez terapia durante 12 anos. Teve duas psicólogas, chegou a ter sessões todos os dias da semana e gostava do processo. Mas diz que, com a última delas, que a atendeu por cinco anos, nunca teve coragem de ir para o divã.
Tinha medo de que a terapeuta dormisse, pois ela bocejava com frequência. "Acho que ela estava cansada naquela época, mas eu ficava muito incomodada com isso, pois acontecia em quase toda sessão. Cheguei a falar com ela, mas nada mudou", conta.
Outro problema era o fato de a profissional olhar demais para o relógio. "Sei que não pode passar da hora, mas eu ficava irritada com isso. Às vezes eu estava contando alguma coisa, tinha vários sentimentos envolvidos ali", lembra.
Nem por isso a terapeuta era pontual, diz Elisandra. Uma vez, chegou quando faltavam só dez minutos para o fim da sessão -foi preciso remarcar o encontro e voltar outro dia. "Ficava ansiosa, na expectativa. Tudo o que tinha planejado falar sumia da minha mente."
As atitudes descritas por Elisandra são algumas das citadas em uma lista que traz 12 maus hábitos que todo terapeuta deveria evitar. O autor também é psicólogo: o americano John Grohol, criador do portal Psych Central (www.psychcentral.com), acessado mensalmente por 800 mil pessoas e eleito um dos 50 melhores de 2008 pela revista "Time".
Segundo Grohol, a relação entre terapeuta e cliente é única: pode ser mais íntima do que o mais íntimo dos relacionamentos, mas, paradoxalmente, exige uma distância profissional. "Os terapeutas são tão humanos quanto seus pacientes e possuem as mesmas fobias. Eles têm maus hábitos, como todos nós temos, mas alguns deles podem realmente interferir no processo terapêutico", escreveu.
Folha selecionou dez comportamentos citados por Grohol e pediu a especialistas brasileiros que os comentassem. Muitos deles não são um problema quando ocorrem isoladamente, mas podem atrapalhar a terapia quando se tornam um hábito.
Se eles passam a incomodar o paciente, a recomendação é ser sincero. "O paciente tem o direito de expressar as necessidades dele", diz a psicóloga Regina Wielenska, supervisora de terapia comportamental do curso de terapia comportamental e cognitiva do Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo). Wielenska lembra, porém, que algumas pessoas vão para a terapia justamente por terem dificuldade de se expressar.
"É o pior dos mundos quando o terapeuta tem atitudes inadequadas e o cliente não consegue se proteger delas. O melhor é quando ele se sente em condições de comunicar quando não concorda com alguma coisa", afirma.

1 Comer na frente do paciente

Esporadicamente, no caso de uma sessão extra pedida pelo paciente e marcada no horário de uma refeição, por exemplo, a atitude é aceitável, afirma o psicólogo Roberto Banaco, professor titular da PUC-SP.

"É melhor oferecer apoio ao cliente comendo do que negar esse apoio por falta de horário", diz Banaco. Mas necessidades pessoais como essa deveriam acontecer em outro contexto. "Comer na sessão mostra desrespeito pelo paciente", diz Wielenska.
O terapeuta da estudante Denise Thornberg, 22, transformou isso num hábito. Nas sessões, consumia Coca-Cola light e confeitos de chocolate. "Ele estava sempre com uma garrafinha de Coca na mão. Eu não gostava", conta.
Para o médico e psicanalista Sérgio Cyrino, filiado à Federação Brasileira de Psicanálise, isso não deve ocorrer jamais. "O analista não deve comer, oferecer ou aceitar comida."

2 Atender ao telefone

Emergências acontecem. O terapeuta pode ter de atender um paciente internado ou com risco de suicídio, por exemplo.
Nesse caso, o mais aconselhável é avisar antecipadamente ao paciente que isso pode acontecer e ser breve. "Se existir essa possibilidade, o terapeuta deveria dizer que, em caráter excepcional, pode ser necessário atender a uma ligação urgente. Mas isso deve ser raro, não pode se tornar um hábito", afirma Wielenska.
Atender a ligações de outro tipo é desaconselhável. "Imagine quando se interrompe um comunicado [do paciente] de intenso conteúdo emocional bem no meio. A compreensão, ao ser fragmentada, perde todo o sentido. O paciente se sente deixado em segundo plano. Como é que se conserta isso depois?", diz Cyrino.

3 Tomar notas em excesso

A figura do analista com um bloquinho na mão, que aparece em charges e filmes, é um falso símbolo da psicanálise, diz Cyrino. "Freud não anotava durante as sessões porque isso fragmenta a compreensão da situação da análise. Quem interrompe para tomar notas perde o fio da meada. O pensamento é muito mais rápido do que a palavra escrita. E o paciente se sente perseguido."
Para Banaco, anotações, quando ocorrem, podem ser feitas rapidamente por meio de palavras-chave, como lembretes para serem "recheados" com conteúdos nos intervalos entre sessões.
Denise Thornberg conta que seu terapeuta escrevia tanto que a incomodava. "Ele não me olhava nos olhos." Para Wielenska, o terapeuta deve pedir autorização para anotar e manter o contato com ele enquanto faz isso. "Quem trabalha frente a frente com alguém deve preservar o olhar e a atenção."

4Atrasar-se para a sessão