Contribuições
Teóricas: Sigmund Freud, Erik Erikson, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Konrad Lorenz,
Henri Wallon, Burrhus F. Skinner, Albert Bandura, Urie Bronfenbrenner, Arnold
Gesell.
SIGMUND
FREUD (1856-1939)
Propõe,
à data, um novo e radical modelo da mente humana, que alterou a forma como
pensamos sobre nós próprios, a nossa linguagem e a nossa cultura. A sua
descrição da mente enfatiza o papel fundamental do inconsciente na psique
humana e apresenta o comportamento humano como resultado de um jogo e de uma
interacção de energias. Freud
contribuiu para a eliminação da tradicional oposição básica entre sanidade e
loucura ao colocar a normalidade num continuum e procurou compreender
funcionamento do psiquismo normal através da génesis e da evolução das doenças
psíquicas. Estudo
do desenvolvimento psíquico da pessoa a partir do estádio indiferenciado do
recém-nascido até à formação da personalidade do adulto. Muitos
dos problemas psicopatológicos da idade adulta de que trata a Psicanálise têm
as suas raízes, as suas causas, nas primeiras fases ou estádios do
desenvolvimento. Na
perspectiva freudiana, a “construção” do sujeito, da sua personalidade, não se
processa em termos objectivos (de conhecimento), mas em termos objectais.
O
objecto, em Freud, é um objecto libidinal, de prazer ou desprazer, “bom ou
mau”, gratificante ou não gratificante, positivo ou negativo. A
formação dos diferentes estádios é determinada, precisamente, por essa relação
objectal. (Estádios: Oral, Anal, Fálico, Latência, Genital). A
sua teoria sobre o desenvolvimento da personalidade atribui uma nova
importância às necessidades da criança em diversas fases do desenvolvimento e
sobre as consequências da negligência dessas necessidades para a formação da
personalidade.
ERIK
ERIKSON (1904-1994)
A teoria que desenvolveu nos anos 50 partiu do
aprofundamento da teoria psicossexual de Freud e respectivos estádios, mas
rejeita que se explique a personalidade apenas com base na sexualidade. Acredita
na importância da infância para o desenvolvimento da personalidade mas, ao
contrário de Freud, acredita que a personalidade se continua a desenvolver para
além dos 5 anos de idade. No
seu trabalho mais conhecido, Erikson propõe 8 estádios do desenvolvimento
psicossocial através dos quais um ser humano em desenvolvimento saudável
deveria passar da infância para a idade adulta. Em cada estádio cada sujeito
confronta-se, e de preferência supera, novos desafios ou conflitos. Cada
estádio/ fase do desenvolvimento da criança é importante e deve ser bem
resolvida para que a próxima fase possa ser superada sem problemas. Tal
como Piaget, concluiu que não se deve apressar o desenvolvimento das crianças,
que se deve dar o tempo necessário a cada fase de desenvolvimento, pois cada
uma delas é muito importante. Sublinhou que apressar o desenvolvimento pode ter
consequências emocionais e minar as competências das crianças para a sua vida
futura."Human
personality in principle develops according to steps predetermined in the
growing person's readiness to be driven toward, to be aware of and to interact
with a widening social radius".
JEAN
PIAGET (1896-1980)
Jean
Piaget (1896-1980) foi um dos investigadores mais influentes do séc. 20 na área
da psicologia do desenvolvimento. Piaget acreditava que o que distingue o ser
humano dos outros animais é a sua capacidade de ter um pensamento simbólico e
abstracto. Piaget acreditava que a maturação biológica estabelece as
pré-condições para o desenvolvimento cognitivo. As mudanças mais significativas
são mudanças qualitativas (em género) e não qualitativas (em quantidade). Existem
2 aspectos principais nesta teoria: o processo de conhecer e os estádios/
etapas pelos quais nós passamos à medida que adquirimos essa habilidade. Como
biólogo, Piaget estava interessado em como é que um organismo se adapta ao seu
ambiente (ele descreveu esta capacidade como inteligência) - O comportamento é
controlado através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o
indivíduo utiliza para representar o mundo e para designar as acções. Essa
adaptação é guiada por uma orientação biológica para obter o balanço entre
esses esquemas e o ambiente em que está. (equilibração). Assim, estabelecer um
desequilíbrio é a motivação primária para alterar as estruturas mentais do
indivíduo.
Piaget
descreveu 2 processos utilizados pelo sujeito na sua tentativa de adaptação:
assimilação e acomodação. Estes 2 processos são utilizados ao longo da vida à
medida que a pessoa se vai progressivamente adaptando ao ambiente de uma forma
mais complexa. Capta
as grandes tendências do pensamento da criança. Encara
as crianças como sujeitos activos da sua aprendizagem.
LEV
VYGOTSKY (1896-1934)
Lev Vygotsky desenvolveu a teoria
socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. A sua teoria tem raízes na teoria
marxista do materialismo dialéctico, ou seja, que as mudanças históricas na
sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza humana. Vygotsky
abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de
olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o
processo em si e analisou a participação do sujeito nas actividades sociais →
Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as
estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções
mentais. Ele
acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da
brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz
mais experiente. O
processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas
estruturas, uma social e uma pessoalmente construída, através de instrumentos
ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é
quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais
elevada. Ao
contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a compreensão do
mundo, o conhecimento sozinho, Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como
dependendo mais das interacções com as pessoas e com os instrumentos do mundo
da criança.Esses
instrumentos são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem,
sistemas matemáticos, signos.
Teoria de
Vygotsky do Desenvolvimento Cognitivo
1.
Vygostsky
sublinhou as influências socioculturais no desenvolvimento cognitivo da
criança:
·
O
desenvolvimento não pode ser separado do contexto social;
·
A cultura afecta a forma como pensamos e o que
pensamos;
·
Cada
cultura tem o seu próprio impacto;
·
O
conhecimento depende da experiência social
2.
A
criança desenvolve representações mentais do mundo através da cultura e da
linguagem.
3.
Os
adultos têm um importante papel no desenvolvimento através da orientação que
dão e por ensinarem (“guidance and teaching”).
4.
Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) – intervalo entre a resolução de
problemas assistida e individual.
5.
Uma
vez adquirida a linguagem nas crianças, elas utilizam a linguagem/discurso
interior, falando alto para elas próprias de forma a direccionarem o seu
próprio comportamento, linguagem essa que mais tarde será internalizada e
silenciosa – Desenvolvimento da Linguagem.
KONRAD
LORENZ (1903-1989)
Zoólogo austríaco, ornitólogo e um dos
fundadores da Etologia moderna (estudo do comportamento animal). Desenvolveu
a ideia de um mecanismo inato que desencadeia os comportamentos instintivos
(padrões de acção fixos) → modelo para a motivação para o comportamento. Considera-se
hoje que o sistema nervoso e de controlo do comportamento envolvem transmissão
de informação e não transmissão de energias. O
seu trabalho empírico é uma das grandes contribuições, sobretudo no que se
refere ao IMPRINTING e aos PERÍODOS CRÍTICOS. O
imprinting é um excelente exemplo da interacção de factores genéticos e
ambientais no comportamento – o que é inato e específico na espécie e as propriedades específicas da aprendizagem; O
trabalho de Lorenz forneceu uma evidência muito importante de que existem
períodos críticos na vida onde um determinado tipo definido de estímulo é
necessário para o desenvolvimento normal. Como é necessária a exposição
repetitiva a um estímulo ambiental (provocando uma associação com ele), podemos
dizer que o imprinting é um tipo de aprendizagem, ainda que contendo um
elemento inato muito forte.
HENRI
WALLON (1879 – 1962)
Wallon
procura explicar os fundamentos da psicologia como ciência, os seus aspectos
epistemológicos, objectivos e metodológicos. Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às
disposições internas e às situações exteriores. Wallon
propõe a psicogénese da pessoa completa (psicologia genética), ou seja, o
estudo integrado do desenvolvimento. Para
ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como
“geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o
meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a
explicação dos factores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia,
antropologia, psicologia animal). Considera
que não é possível seleccionar um único aspecto do ser humano e vê o
desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a
actividade infantil (afectivo, motor e cognitivo). Vemos
então que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem.
Esta é uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.
BURRHUS
F. SKINNER (1904 – 1990)
Psicólogo Americano, conduziu trabalhos
pioneiros em Psicologia Experimental e defendia o comportamentalismo /
behaviorismo (estudo do comportamento observável).Tinha
uma abordagem sistemática para compreender o comportamento humano, uma abordagem
de efeito considerável nas crenças e práticas culturais correntes.Fez
investigação na área da modelação do comportamento pelo reforço positivo ou
negativo (condicionamento). O condicionamento operante explica que um
determinado comportamento tem uma maior probabilidade de se repetir se a seguir
à manifestação do comportamento se apresentar de um reforço (agradável). É uma
forma de condicionamento onde o comportamento acabará por ocorrer antes da
resposta.A
aprendizagem, pode definir-se como uma mudança relativamente estável no
potencial de comportamento, atribuível a uma experiência - Importância dos
estímulos ambientais na aprendizagem.
ALBERT
BANDURA (1925-PRESENTE)
É, tal como Skinner, da linha behaviorista da
Psicologia. No entanto enfatiza a modificação do comportamento do indivíduo
durante a sua interacção. Ao contrário da linha behaviorista radical de
Skinner, acredita que o ser humano é capaz de aprender comportamentos sem
sofrer qualquer tipo de reforço. Para ele, o indivíduo é capaz de aprender
também através de reforço vicariante, ou seja, através da observação do
comportamento dos outros e de suas consequências, com contacto indirecto com o
reforço. Entre o estímulo e a resposta, há também o espaço cognitivo de cada
indivíduo. É
um dos autores associado ao Cognitivismo-Social, uma teoria da aprendizagem
baseada na ideia de que as pessoas aprendem através da observação dos outros e
que os processos do pensamento humano são centrais para se compreender a
personalidade:
As
pessoas aprendem pela observação dos outros.
A
aprendizagem é um processo interno que pode ou não alterar o comportamento.
As
pessoas comportam-se de determinadas maneiras para atingir os seus objectivos.
O
comportamento é auto-dirigido (por oposição a determinado pelo ambiente)
O
reforço e a punição têm efeitos indirectos e impredizíveis tanto no
comportamento como na aprendizagem.
Os
adultos (pais, educadores, professores) têm um papel importante como modelos no
processo de aprendizagem da criança.
URIE
BRONFENBRENNER (1917 – presente)
Um dos grandes autores que desenvolveu a
Abordagem Ecológica do Desenvolvimento Humano: o sujeito desenvolve-se em
contexto, em 4 níveis dinâmicos – a pessoas, o processo, o contexto, o tempo. A
sua proposta difere da da Psicologia Científica até então (70’s): privilegia os
aspectos saudáveis do desenvolvimento, os estudos realizados em ambientes
naturais e a análise da participação da pessoa focalizada no maior nº possível
de ambientes e em contacto com diferentes pessoas. Bronfenbrenner
explicita a necessidade dos pesquisadores estarem atentos à diversidade que
caracteriza o homem – os seus processos psicológicos, a sua participação
dinâmica nos ambientes, as suas características pessoais e a sua construção
histórico-sócio-cultural. Define
o desenvolvimento humano como “o conjunto de processos através dos quais as
particularidades da pessoa e do ambiente interagem para produzir constância e
mudança nas características da pessoa no curso de sua vida"
(Bronfenbrenner, 1989, p.191). A
Abordagem Ecológica do Desenvolvimento privilegia estudos longitudinais, com
destaque para instrumentos que viabilizem a descrição e compreensão dos
sistemas da maneira mais contextualizada possível. Bronfenbrenner - Abordagem Ecológica do Desenvolvimento
Humano: o sujeito desenvolve-se em contexto, em 4 níveis dinâmicos – a pessoas,
o processo, o contexto, o tempo.
ARNOLD
GESELL (1880-1961)
Psicólogo Americano que se especializou na
área do desenvolvimento infantil. Os seus primeiros trabalhos visaram o estudo
do atraso mental nas crianças, mas cedo percebeu que é necessária a compreensão
do desenvolvimento normal para se compreender um desenvolvimento anormal. Foi
pioneiro na sua metodologia de observação e medição do comportamento e,
portanto, foi dos primeiros a implementar o estudo quantitativo do
desenvolvimento humano, do nascimento até à adolescência. Realizou
uma descrição detalhada e total do desenvolvimento da criança; realça, com base
em pesquisas rigorosas e sistemáticas, o papel do processo de maturação no
desenvolvimento. Gesell
e colaboradores caracterizaram o desenvolvimento segundo quatro dimensões da
conduta: motora, verbal, adaptativa e social. Nesta perspectiva cabe um papel
decisivo às maturações nervosa, muscular e hormonal no processo de
desenvolvimento. Desenvolveu,
a partir dos seus resultados, escalas para avaliação do desenvolvimento e
inteligência. Inaugurou
o uso da fotografia e da observação através de espelhos de um só sentido como
ferramentas de investigação.
Fonte: http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/psicologia/psicdesenvcontrteoricas.htm
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