Definição Psicologia da religião é o estudo do
fenômeno religioso do ponto de vista psicológico, ou seja, a aplicação dos
princípios e métodos da psicologia ao estudo científico do comportamento
religioso do homem, quer como indivíduo, quer como membro de uma comunidade
religiosa. Nessa definição, "comportamento religioso"
refere-se a qualquer ato ou atitude, individual ou coletiva, pública ou
privada, que tenha específica referência ao divino ou sobrenatural. Obviamente,
esse divino ou sobrenatural é definido em termos da fé pessoal de cada
indivíduo.
História da Psicologia da Religião Apesar do
esforço de alguns de enquadrar a psicologia da religião no campo geral da
psicologia científica, ainda existem certas barreiras que impedem tal relação
mais íntima. Na proporção, porém, em que melhores métodos de pesquisa forem
introduzidos no estudo psicológico do fenômeno religioso, a psicologia da
religião desfrutará status acadêmico mais favorável.
O Fenômeno Religioso Ao psicólogo da religião
interessa não somente o fato de que em todas essas culturas se encontram formas
de comportamento religioso, mas também o fato singular de que, apesar das
grandes diferenças quanto às crenças e práticas dos vários povos, há muitas
similaridades entre elas, o que sugere a existência de um fator comum à
experiência religiosa de todos os homens.
Definição de Religião Para Êmile Durkheim, religião
é um fato essencialmente coletivo. Diz ele: "Religião é um sistema
unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto, a coisas
separadas e proibidas - crenças e práticas que unem, numa comunidade moral
chamada igreja, a todos aqueles que a elas aderem.
Origem da
Religião Os estudos de antropologia cultura. parecem indicar que expressões
religiões existem praticamente em todos os níveis de civilização. A religião,
portanto, nasceu com o próprio homem pré-histórico.
A Experiência Religiosa Há vários tipos de experiências
e todas elas podem ser conceituadas como resposta a diversos estímulos. A
psicologia encarrega-se de determinar o limiar da consciência de determinadas
realidades, ou seja, o ponto em que o organismo se torna sensível a essa
realidade.
Comportamento Religioso Comportamento religioso é
qualquer ato ou atitude que tem referência específica ao divino ou
sobrenatural.
Interpretação Psicológica do Fenômeno
Religioso Várias teorias, desde então, têm surgido como tentativa de
interpretação do fenômeno religioso. Apresentaremos, a seguir, algumas das
teorias que consideramos mais representativas. Entre as muitas interpretações
psicológicas do fenômeno religioso, salientamos as que nos parecem mais
importantes:
Interpretação Psicológica do Fenômeno Religioso
Para Freud, a religião nada mais é do que a projeção infantil da imagem
paterna. Ela é uma ilusão, não porque seja má em si, mas porque tende a levar o
homem a fugir de sua realidade e contingência humanas. Para Jung, a experiência
religiosa resulta do inconsciente coletivo, que por sua vez, é composto de
energias dinâmicas e de símbolos de significação universal. A experiência
religiosa é fundamental ao funcionamento harmonioso do psiquismo e ajuda o
homem a compreender realidades do universo que não podem ser conhecidas de
outras maneiras.
Interpretação Psicológica do Fenômeno Religioso
Para Allport, a experiência religiosa é algo essencialmente pessoal, sujeito às
leis de evolução psicológica, e seu aspecto intelectual é mais importante do
que emocional. A religião é fator importantíssimo na integração da
personalidade. Ele diz que religião é o esforço do homem para unir-se à criação
e ao Criador com o fim de ampliar e completar sua própria personalidade. d)
Para Anton Boisen, e experiência religiosa tem basicamente a mesma dinâmica da
esquizofrenia. Diz ele que tanto a esquizofrenia como. a experiência religiosa
profunda são tentativas à integração do "eu". Quando a
personalidade se vê ameaçada ao ponto de sua desintegração, recorre ao método
mais eficaz para evitar a catástrofe.
Evolução da Experiência Religiosa A evolução da
experiência religiosa está sujeita aos mesmos princípios gerais da evolução
psicológica do homem, visto que religião não é mero apêndice à vida, porém parte
integrante e vital da personalidade; Em cada fase da vida do homem, a religião
tem características típicas e cumpre determinadas finalidades ou propósitos.
Fé e Dúvida O psicólogo, enquanto psicólogo, não
discute a lógica da fé, sua ou sua veracidade. Cabe- lhe apenas a tarefa de
estudar como se forma, como se desenvolve e que funções desempenha na vida do
indivíduo.
Fé Religiosa O estudo psicológico da fé religiosa
é, entretanto, extremamente complexo, porque é muito difícil verificar se determinado
indivíduo tem ou não fé religiosa. A maneira mais óbvia de saber se um
indivíduo tem fé religiosa, apesar de todos os seus defeitos como método de
pesquisa, é perguntar ao próprio indivíduo.
A Dúvida Religiosa Intimamente ligado ao problema da
fé está o problema da dúvida religiosa. A dúvida é parte integral do
desenvolvimento religioso do homem, bem como de todo o processo evolutivo de
sua personalidade. A dúvida, como atitude resistente, pode levar o homem à
indiferença e ao desespero, que constituem obstáculos a qualquer ação
construtiva e tornam impossível os empreendimentos criadores.
Conversão
Religiosa Estudo psicológico da conversão religiosa é, de fato, o marco inicial
dos estudos de psicologia da religião em sua versão moderna e contemporânea. Há
pelo menos duas razões para que assim acontecesse. Em primeiro lugar, o início
dos estudos dos fenômenos religiosos, em bases mais empíricas, coincide
historicamente com os grandes movimentos de avivamento religioso e a grande
ênfase na mudança de vida causada pelo poder do evangelho.
O Processo
de Conversão Religiosa O processo da conversão religiosa parece ter certas
características comuns. Não importa qual seja a religião do homem, sua
conversão é, ordinariamente, marcada por certos estágios bem definidos. Quase
todos os autores que estudam o fenômeno da conversão religiosa reconhecem pelo
menos três estágios fundamentais: o período de inquietação, a crise
propriamente dita e o período de paz que segue a "solução" do
problema espiritual. Drakeford acrescenta a esse um quarto estágio isto é, a
expressão concreta dessa experiência através da vida e do comportamento do
indivíduo.
O período de
inquietação Nesse período o indivíduo reconhece que algo lhe está faltando e
ele mesmo toma a iniciativa em procurar a solução para o seu problema.
A Crise Propriamente Dita Descrevendo essa fase,
Clark diz que, sem a interferência de um estímulo exterior, de repente, algo
extraordinário acontece – uma grande iluminação, um sentimento de que os
problemas da vida foram todos resolvidos. Por exemplo, Agostinho lê um texto
bíblico e, de repente, sente-se uma nova criatura. Tagore, ao ouvir a
interpretação de um antigo Upanisbad, sente o bálsamo divino cair sobre si.
Estágio de Paz e Harmonia Interior Clark diz que,
na proporção em que a emoção do momento climático se desvanece, o indivíduo
começa a experimentar alívio, paz e harmonia interiores. As dúvidas cessam
momentaneamente. O homem nota que tem fé; sente que está unido a Deus, que seus
pecados foram perdoados, seus problemas foram resolvidos, que está salvo.
Maturidade Religiosa Maturidade religiosa implica
na convicção da existência de um Ser Supremo e de idéias básicas sobre a vida e
o universo. Essa convicção dá suficiente sentido à vida do homem e leva-o a um
comportamento moral consistente com sua filosofia de vida e suas crenças
religiosas.
Maturidade Religiosa Finalmente, a maturidade
religiosa caracteriza-se pela capacidade de amar o próximo, de ser humilde, de
ser criativo, de ajustar-se socialmente e de ser consagrado aos objetivos
supremos da vida como concebidos pelo indivíduo.
Oração e Adoração A oração é uma das experiências
religiosas mais comuns entre os homens. Heiler afirma que a oração é o fenômeno
central da religião e a perda fundamental de toda piedade. Ele cita Lutero,
quando diz que a fé nada mis é do que oração. A oração é, de fato, o elemento
central do comportamento religioso. A prática da oração é, talvez, o índice
mais seguro da religiosidade de uma pessoa.
Oração Falando sobre o conteúdo da oração
primitiva, Heiler diz que são estes os seus elementos constítutivos:
Invocação A invocação do nome do ser divino e seus
atributos pessoais é o primeiro elemento de toda oração. A pessoa que ora
ordinariamente invoca a presença de seu Deus com frases exclamativas, como
"Ouve-me!", "Ouve-nos!", "Ouve a
nossa voz!", Ouve a nossa súplica!" ou outras frases
semelhantes.
Queixa ou Pergunta Muitas vezes a oração primitiva
é uma espécie de protesto ou uma pergunta que revela a insatisfação do homem com
a divindade a quem ora.
Petição Petição é o elemento central da oração. O
homem primitivo ora quase exclusivamente por coisas úteis ou que contribuam
para a sua felicidade pessoal.
Intercessão
A preocupação com o bem-estar dos demais membros da tribo leva o homem
primitivo a interceder por eles. Esse estágio da oração é realmente elevado e
não muito freqüente entre o chamado homem primitivo.
Meio de persuasão O homem primitivo tenta, por meio
da oração, convencer a divindade de que deve favorecê-Io. Uma das maneiras por
que tenta persuadir a divindade é alegando a sua própria perfeição moral.
"Tem misericórdia de mim!" é uma forma comum de persuasão na
prece.
Ação de Graças É o conhecimento não apenas verbal,
mas também expresso de vários modos, de que tudo provém das mãos de Deus.
Motivo da oração Seja qual for o motivo por que a
pessoa ora e sejam quais forem as reais possibilidades de uma relação com o
transcendente através da oração, o fato é que ela produz grandes efeitos
psicológicos sobre a pessoa que ora.
Adoração
Adoração é a expressão, quer espontânea, quer formal, daquilo que o homem sente
e faz quando na presença do Sagrado. No dizer de Stolz, a essência da adoração
consiste em criar ou intensificar uma atitude de reverência.
Adoração A procissão tem por objetivo a aproximação
de Deus. A invocação tem por objetivo o reconhecimento e estabelecimento de uma
relação pessoal mais íntima. Não pode haver adoração sem que o homem reconheça
que o objeto a ser adorado está ao alcance de sua voz e que com ele deseja
dialogar.
Adoração Música religiosa é outra maneira
interpessoal no ato da adoração. Através do hino e da poesia, a alma eleva-se a
Deus. A música e a poesia prestam-se admiravelmente bem à expressão de ação de
graças e de louvor.
Adoração Cada ato de adoração tem significado
especial para a pessoa que adora. Este significado, muitas vezes, não é
percebido pelo indivíduo "de fora". Se alguém quiser
compreender um ato de adoração, terá que tomar-se participante, pois de outra
maneira jamais poderá compreendê-lo.
Confissão e
Purificação Através da confissão, como parte do ato de adoração, o homem
consegue a purificação de seu espírito e a renovação de sua vida. O rito de
purificação é muito usado pelos japoneses, egípcios, gregos, hindus e outros.
Entre os celtas, romanos e persas, o fogo era uma energia purificadora. O rito
batismal entre os cristãos é uma forma de purificação.
Misticismo Religioso A experiência mística é um dos
elementos centrais da vida religiosa. Podemos dizer que em toda experiência
religiosa profunda há um elemento de misticismo. Adotamos aqui a definição de
misticismo dada por Pratt, que diz: "Misticismo é a senso-percepção de
um ser ou de uma realidade através de meios que são os processos cognitivos
ordinários ou o uso da razão.
Misticismo Religioso Há dois tipos básicos de
misticismo: o ativo e o responsivo. No primeiro, o homem procura, através de
danças, músicas, jejuns, drogas, etc., atingir o Infinito; no segundo tipo, o
homem simplesmente se dispõe a receber a visitação divina. Ordinalmente, o
místico é uma mistura dos dois tipos, havendo apenas a predominância de um dos
elementos.
Vocação Religiosa A vocação religiosa é um dos aspectos
mais pessoais da experiência espiritual do homem. Geralmente a maneira como o
indivíduo se dedica à sua vocação religiosa reflete a intensidade de sua
experiência com Deus. Num sentido muito geral, podemos dizer que todo indivíduo
que professa uma fé pessoal tem uma vocação religiosa, pois a fé é o modo pelo
qual o homem responde ao estímulo do transcendente.
Religião e Saúde A relação cada vez mais estreita
entre o psiquiatra e o ministro religioso é um atestado do reconhecimento de
que a religião desempenha importante papel no desenvolvimento da personalidade
e pode constituir-se fator primordial no equilíbrio de suas funções psíquicas.
O ministro de religião é hoje parte integrante da equipe de saúde, nos grandes
hospitais e clínicas, especialmente nos Estados Unidos onde o movimento foi
iniciado, graças ao extraordinário trabalho de Anton Boisen.
O unico problema que temos quanto a religiao, é q deixa-se de lado o perfil espiritual e foca-se nos usos e costumes e, nesta feita, o que acaba-se colocando em pauta é pura e simplesmente os ideais humanos. Os preceitos religiosos, os dogmas da fé são minimamente dicutidos nesta feita.
ResponderExcluir