Em
crianças, o TDAH vem sendo tratado por quase um século, mas somente há algumas
décadas foi dada atenção ao fato de que esta patologia persiste na vida adulta.
Estudos realizados, principalmente, por Barkley (2006) estimam que uma parcela
das pessoas que tiveram TDAH na infância mantém o transtorno na vida adulta,
porém o seu reconhecimento tardio traz controvérsias quanto à extrapolação dos
achados nos estudos com crianças para adultos. Ainda de acordo com o mesmo
autor, os sintomas podem persistem na vida adulta, interferindo
consideravelmente nas esferas: acadêmica, profissional, afetiva e social dos
indivíduos portadores.
O
transtorno em adultos tem sido visto, muitas vezes, como um problema
“camuflado”, pois seus sintomas podem estar mascarados, ou por serem comórbidos
ou por serem confundidos com outras patologias. Desta maneira, o diagnóstico se
torna difícil e o tratamento pouco efetivo. Contudo, a realização do
diagnóstico clínico aliado a análise funcional dos comportamentos-problema
fornecem subsídios para mudanças comportamentais que poderão reduzir os
sintomas e produzir melhoras significativas na qualidade de vida desses
indivíduos.
O
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (American Psychiatric
Association, 2002), indica uma série de critérios para diagnóstico do TDAH,
diferenciando os critérios de desatenção, hiperatividade, impulsividade e
critérios gerais. De acordo com o DSM-IV, diagnóstico de TDAH deve ser feito
quando há confirmação de seis ou mais sintomas no âmbito da desatenção e/ou
seis ou mais sintomas no âmbito da hiperatividade e impulsividade. Se o
indivíduo atende apenas aos critérios para desatenção, o diagnóstico será de
TDAH do tipo predominantemente desatento. Se ele atende apenas aos critérios
para hiperatividade e impulsividade, o diagnóstico será de TDAH do tipo
predominantemente hiperativo-impulsivo. Se o indivíduo apresentar seis ou mais
sintomas tanto no âmbito da desatenção quanto no da hiperatividade e
impulsividade (isto é, pelo menos 12 sintomas), o diagnóstico será de TDAH do
tipo combinado. Porém vale ressaltar que os critérios foram baseados,
principalmente, em manifestações infantis, sendo assim, se torna ainda mais
relevante o uso de referenciais teóricos para o entendimento e a contextualização
dos sintomas.
Os
estudos atuais têm identificado alguns sintomas que aparecem com maior
frequência em adultos com diagnóstico de TDAH, entre eles, estão: dificuldades
de relacionamento afetivo e interpessoal, de manutenção da atenção por um
período longo; de permanência em atividades monótonas; falta de organização;
planejamento de rotinas; instabilidade profissional que persiste ao longo da
vida; falta de motivação, interesse por determinadas atividades e por curtos
períodos, insônia, humor instável, esquecimentos, perdas e descuidos
importantes; impulsividade, distrações constantes; abuso de substância, etc
(Mattos et al, 2006).
Embora
exista certa frequência de alguns sintomas presentes no quadro de TDAH, o
diagnóstico deve ser sempre fundamentado no quadro clínico comportamental. De
acordo com Rotta (2006), é preciso que na prática clínica seja feita uma
avaliação que englobe diversos aspectos de vida do cliente, como: a queixa que
motivou a procura por atendimento, como se deu o desenvolvimento na infância, a
história familiar e se os familiares também identificam os sintomas, surgimento
dos sintomas, a presença da sintomatologia em diversos contextos, história
psiquiátrica; como se dão os relacionamentos afetivos e interpessoais, se há ou
não comorbidades; avaliação intelectual e das funções executivas.
Além
do levamento clínico, podem ser utilizados também testes neuropsicológicos,
como WAIS-III e Wisconsin e, escalas de comportamento, como Conners, ACEeRS,
SNAP-IV e ASRS. Até o momento, os testes psicométricos, neurológicos ou
laboratoriais por si só não são suficientes para o diagnóstico de TDAH. Sendo
assim, o diagnóstico deve ter embasamento clínico em um composto de evidências
derivadas da história, da observação, do exame clínico e neurológico e das
escalas de comportamento. Para avaliação ou mesmo suspeita do quadro de TDAH na
prática clínica torna-se imprescindível que o profissional mantenha-se sempre
atualizado no que se refere à literatura especializada, pois ainda há
divergências entre os critérios de diagnóstico que são utilizados (Rotta, 2006;
Barkley, 2006).
Na
prática clínica, o profissional deve se munir do maior número de informações
possíveis e desenvolver o raciocínio clínico baseado nos seus achados para
identificar ou não a presença do transtorno, bem como se ele se apresenta de
forma isolada ou com comorbidades. Somente assim, será possível entender as
áreas que sofrem maiores prejuízos e intervir de forma a traçar alternativas de
tratamentos e mudanças comportamentais que favoreçam as melhoras, sejam elas no
âmbito afetivo, social e/ou profissional.
É
possível observar que o diagnóstico do quadro de TDAH em adultos está
relacionado em grande grau às dificuldades enfrentadas, principalmente, nas
relações sociais e profissionais, desta forma, continuarei abordando quais os
efeitos no dia-a-dia desses portadores e o quanto algumas esferas de sua vida
podem estar comprometidas devido ao mau entendimento de suas dificuldades de
organização e planejamento.
Referências:
American
Psychiatric Association (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (4a ed., texto revisado). Porto Alegre: Artmed.
American
Psychiatric Association (1980). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (3a ed.). Porto Alegre: Artmed.
BARKLEY,
R. A. (2006). Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade: Manual para
diagnóstico e tratamento (3a ed.). Porto Alegre: Artmed.
MATTOS
et al. (2006). Painel brasileiro de especialistas sobre diagnóstico do
transtorno de déficit deatenção/hiperatividade (TDAH) em adultos. Rev Psiquiatr
RS jan/ab 28(1):50-60.
ROTTA,
N. T. (2006). Transtorno da atenção: aspectos clínicos. In: Transtornos da
Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre:
Artmed.
http://www.comportese.com/2012/12/efeitos-do-transtorno-de-deficit-de_23.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+comporte-sePsicologiaCientfica+%28%5B%22Comporte-se%22%5D%3A+Psicologia+Cient%C3%ADfica%29
Uma das grandes bênções da vida é a experiência que os anos
ResponderExcluirvividos nos concebem.È Natal ; Aniversario do nascimento de Jesus uma grande
oportunidade de homenagear o nascimento daquele
que morreu na Cruz do calvario para nos Salvar.
Temos de aprender a contar os nossos dias
mais uma janela se abre diante dos nossos olhos,
mais um espinho foi retirado da flor,
restando somente a beleza de tão bela data.
È Natal.
Com fé,na esperança e no empenho por ser melhor a cada dia.
Seguindo pelos caminhos da verdade e do amor.
Um dia encontraremos o mais belo jardim,
o jardim que representará a realização dos nossos maiores sonhos.
Desejo uma feliz noite de Natal bençãos de Jesus para você ..
Beijos na sua Alma,Evanir.
Obrigado pelas palavras reforçadoras do amor de Cristo Jesus Evanir. Tenha uma excelente noite. Beijos
ExcluirPARABÉNS PELO BLOG, ERALDO! VOU PRECISAR MUITO DE TI PARA AS QUESTÕES DESAFIADORAS COMPORTAMENTAIS NO COTIDIANO ESCOLAR. E PODES CONTAR COMIGO, CASO PRECISE. (PESQUISAS...)
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