Por: Elídio Almeida

Para você compreender
melhor, pense no seguinte exemplo: Ricardo reparou que sua barba começou a cair
em uma região do seu rosto. Preocupado, procurou um dermatologista e outros
médicos para resolver o problema. Tomou vários remédios, fez vários exames, mas
o problema persistiu, até que um médico lhe disse que aquilo era uma doença
psicossomática e que ele deveria procurar um psicólogo. Na psicoterapia,
Ricardo se deu conta de alguns aspectos de sua vida: ele é um rapaz que convive
diariamente num ambiente muito tenso e estressante e que ele ainda não
desenvolveu um repertório comportamental que possibilite agir sobre o contexto
para evitar essa situação. Conviver o tempo todo com o estresse faz com que ele
sinta seu coração descompassado, uma diminuição da circulação do sangue e, com
o passar das horas, surgem manchas vermelhas em algumas partes do seu corpo.
Como o ambiente é sempre estressante e as manchas surgem sempre no mesmo lugar,
os pelos que havia naquela região começaram a cair. Ele descobriu que estava
“somatizando” todo o estresse que ele vivia. Somatizar é manifestar no corpo,
na forma de uma doença ou um sintoma, algum conflito emocional. Por exemplo,
uma pessoa ansiosa que sente dor de cabeça ou de estômago, como resultado da sua
ansiedade. A redução parcial ou total de
pelos ou cabelos em uma determinada área de pele é conhecido como Alopécia. No caso do
personagem fictício Ricardo, o contexto de estresse e ansiedade constante em
que ele vivia causava a queda dos pelos de sua barba. Tal contexto produzia
alterações no sistema neurovegetativo e dessa forma a doença psicossomática se
instalou. Lógico que alguns remédios que ele usou até pode ter apresentado
alguma melhoras ou redução dos sinais e sintomas, mas não resolveu o problema,
pois o que causava e mantinha a queda ainda estava presente no seu dia a dia,
que era ambiente extremamente tenso. Outro aspecto interessante que podemos
pensar sobre esse exemplo é a forma de tratamento e como enfrentar esse
problema. Observe que se uma pessoa vai
ao médico e descobre que tem uma doença grave, o simples fato da descoberta não
garante a cura. O mesmo acontece com as doenças psicossomáticas. Mesmo depois
de descobrir o que tem causado e o que mantém a doença psicossomática, o processo
terapêutico deve continuar para descobrirmos formas de mudar o contexto e ter
mais eficiência no processo de enfrentamento. Ter uma doença psicossomática não
significa que a dor e a enfermidade não existam. Pelo contrário, a pessoa
realmente está em sofrimento, sente as dores, observa as feridas, as marcas,
queda do seu cabelo ou dos pelos de seu corpo… e mesmo não tendo sido
diagnosticada uma causa biológica ou orgânica, a pessoa sabe que há algo errado
consigo e isso gera muito sofrimento. Minha recomendação é sempre ficar atento
aos ambientes que frequentamos, como nos comportamos em cada um deles, que
dicas esses ambientes nos dão sobre nossos comportamentos e quais são as
consequências diretas e indiretas em nossa vida. De início isso pode não parecer
assim tão fácil, mas juntos podemos compreender melhor essas situações.
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